Certos filmes são inspiradores para viajantes, e “Sob o Sol da Toscana” é certamente um desses filmes de viagem que encantam e inspiram turistas pelo mundo afora. Comigo não foi diferente.
E olha que pessoalmente, nem acho o filme assim tão bom, mas emociona. A história não tem nada muito original, mas é um daqueles filmes em que as imagens cativam. E lógico, o diretor tem seu mérito, pela escolha dessas paisagens tão fascinantes.
Mais uma vez, “Sob o Sol da Toscana” traz um tema que eu acho muito interessante. Quando viajamos, somos levados a encarar (e desconstruir) vários estereótipos de alguns destinos turísticos.
Assim acontece com Frances, a protagonista do filme (inspirado em livro homônico de Frances Mayes, ou seja, uma história autobiográfica). Ela conhece a Toscana primeiro como turista, depois como moradora. São “Toscanas” completamente diferentes.
Leia mais: 10 Filmes de Viagem na França e Itália
E quando viajamos por inspiração de um filme, a desconstrução é dupla. Porque somos levados a ver realidade que existe além dos estereótipos turísticos e também da fantasia cinematográfica.
E eu simplesmente amo toda essa experiência. Por isso, em 2015 saímos para uma viagem guiada por 10 filmes de viagem, com locações na França e na Itália. E “Sob o Sol da Toscana” foi um deles.
Sob o Sol da Toscana: Locações do Filme e Roteiro de Viagem
Como entrar no clima do filme em 3 etapas
1 – A Casa do filme “Sob o Sol da Toscana”
Muito mais do que ir atrás de locações de filmes, a gente viaja querendo sentir aquelas emoções que vimos no filme. Por isso, acaba não importando muito que a casa em que “Sob o Sol da Toscana” foi filmado, não é a casa que a autora Frances Mayes realmente vive, e que inspirou toda a história.
O que queremos, é chegar lá e ter essa mesma sensação de encantamento com o lugar.
Por isso, eu e Cleber ficamos hospedados nem na casa da própria Frances Mayes (porque afinal, é a casa da escritora e não um hotel) nem na locação do filme (cuja diária custa no mínimo US$ 2.000,00, a Villa Laura).
Escolhemos uma casa simples, até diria um pouco rústica demais, nos arredores de Siena. Digo um pouco rústica demais, porque a casa é bem antiga. Paredes descascadas, pé direito alto, portas pesadas e afrescos pintados na parede. Não é propriamente uma casa antiga renovada e sofisticada, como é o caso da caríssima Villa Laura.
A casa que foi locação do filme: Villa Laura
No filme “Sob o Sol da Toscana” (Under the Tuscan Sun, 2003), a escritora Frances Mayes (Diane Lane) parte numa viagem para a Toscana, desiludida com um processo de divórcio. Para fugir da realidade, ela age por impulso e compra uma propriedade caindo aos pedaços na Toscana.
Nesse encontro, Frances abandona o pacote turístico, para conhecer uma Toscana totalmente diferente.
É a vida de verdade, a casa que ela compra mas está cheia de problemas e as pessoas que ela conhece na cidade onde fica sua nova residência. Conforme ela vai recuperando fisicamente a casa, também recupera os eixos de sua vida.
Mas a casa em que o filme foi gravado não é a mesma que Frances escolheu para viver na vida real.
A Villa Bramasole do filme
A casa que encantou a autora do livro, Frances Mayes (e onde ela vive de fato), é a Villa Bramasole e fica na cidadezinha de Cortona. Uma cidade que fica no alto de uma colina, com muralhas e labirintos, totalmente medieval. Aliás, vamos falar mais de Cortona, já que é uma das locações mais importantes do filme.
Nós descobrimos a locação através do post da querida Deyse Ribeiro, guia de turismo e autora do blog Passeios na Toscana. Nós tivemos o privilégio de fazer um passeio em companhia da Deyse, foi o máximo.
Leia mais: A Villa Bramasole do filme e como encontrá-la
Mesmo não tendo ficado hospedados por lá, obviamente fomos dar uma olhadinha na fachada da casa. Para tentar entender o que afinal tanto encantou nossa escritora.
A Villa Sant’Andrea, onde ficamos hospedados em Siena
Lembra que falamos que escolhemos uma casa que lembra um pouco a casa do filme? A casa é a Villa Sant’Andrea. Mas na hora de reservar, confesso que nem estava pensando no filme.
Quando uma moça abriu as portas da Villa para nós e foi apresentando aquela casa antiga, que ela geria há pouco tempo, lembrei imediatamente da película. E já fiquei imaginando todos aqueles reparos e problemas que Frances teve que enfrentar para transformar uma casa em lar.
O quarto da Villa Sant’Andrea é super amplo, tem varanda, um banheiro enorme e alguns papéis de parede descascados. Os móveis bem antigos e a cama de metal completam o ambiente que remete ao passado.
Mas a hospedagem foi ótima e nem tivemos os mesmos problemas (ainda bem) que ocorreram no filme. Aliás, a Villa está super bem avaliada no Booking.com.
2 – Em Cortona
Pronto, resolvido o problema da casa, partimos para explorar Cortona, a cidade que serviu de locação para o filme. Uma ótima maneira de entrar definitivamente no clima de “Sob o Sol da Toscana”.
Antes de entrar na cidade muralhada, dá uma olhada na vista que tínhamos da estrada, bem no alto de uma colina para toda a região no entorno de Cortona. Dá para entender porque Frances Mayes se apaixonou pela região. Aliás, a Toscana é assim encantadora, com cidades pequenas e medievais, cravadas no alto de montanhas e com plantações lindas no entorno. Cinematográfico mesmo.
Mas o imperdível mesmo é entrar nas muralhas e explorar os labirintos da cidade.
A praça do filme: Piazza della Republica
O ponto final foi a praça onde a maior parte das cenas do filme foi gravada, a Piazza della Republica, com sua belíssima escadaria de pedra. Sentamos lá um pouco e ficamos admirando o movimento enquanto tirávamos algumas fotos no local.
Não estranhe se você não vir uma fonte no centro da praça. A fonte do filme (onde uma das personagens toma um banho, simulando uma das sequências mais famosas do cinema, a cena com Anita Ekberg na Fontana di Trevi do filme “A Doce Vida”, de Frederico Fellini) na realidade não existe.
Pode ser, portanto, mais uma dessas decepções cinematográficas não encontrar a fonte do filme, ou ver circulando pela praça mais turistas do que aqueles simpáticos e falantes italianos. Eu já me acostumei a usar os filmes apenas como inspiração e entender que realidade e a fantasia do cinema podem estar bem distantes.
3 – Viajando de carro até a Costa Amalfitana
Mas uma das locações mais famosas do filme não se encontra propriamente na Toscana, e sim na Costa Amalfitana, na cidade de Positano.
E lá fomos nós, alguns dias depois, para uma viagem de algumas horas até essa região. Note que por mais rápido que Marcello (no filme, interpretado pelo lindo Raoul Bova) dirigisse, é bem difícil ir para lá num bate volta. São 5 horas de carro para chegar a partir da Toscana. Mas os italianos são sim, bem loucos no trânsito, e aliás, é preciso ser um pouco louco para dirigir nas estradas sinuosas e estreitas da Costa Amalfitana.
De qualquer forma, as estradas são cinematográficas, e dirigir pela Toscana e pela Costa Amalfitana são ótimas maneiras de fazer você se sentir dentro de um filme.
Chegando em Positano
Nós fomos para Positano e foi um dos lugares mais incríveis dessa viagem. Novamente, se tirássemos os milhares de turistas da cidade, talvez a Positano da vida real ficasse um pouco próxima daquela retratada no filme.
Mas é uma cidade linda e romântica, e dá para entender porque o romance de Frances e Marcello começa ali. E eu tratei de curtir Positano com o meu “Marcello” da vida real.
Dessa forma, seja conhecendo Bramasole, a casa que inspirou a autora Frances Mayes a mudar para a Toscana, seja visitando a bela cidade de Cortona, onde boa parte das cenas foi gravada, ou finalmente dirigindo até a Costa Amalfitana para viver o clima de romance do filme, não deixe de incluir algum desses destinos na sua próxima viagem para a Itália.
FICHA TÉCNICA:
Filme: Sob o Sol da Toscana (Under the Tuscan Sun)
Ano: 2003
Direção: Audrey Walls
Fotografia: Fábio Pastorello (viagem) e Geoffrey Simpson (filme)
País: Estados Unidos (Locações nos Estados Unidos e na Itália)
Cotação: ★★★
© 2016 Fabio Pastorello. Todos os direitos reservados. A reprodução de textos e/ou imagens não é permitida sem prévia autorização do autor.
Confira nosso roteiro de 5 dias na Toscana
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Fonte: Passeios na Toscana
19 Comentários
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Quanta sensibilidade ao nos mostrar a Toscana da Frances…Obrigada, viagei junto com vocês, dando a minha imaginação a sua narração.
Que legal Selma. Muito obrigado pelo comentário. Abraços.
Adorei ler suas dicas de viagem para a Itália e vão ser muito importantes para a minha, obrigada Fabio.
Que ótimo, Mara. Muito obrigado pelo comentário. Abraços e boa viagem.
Meu sonho é ir morar na toscana ! Vi dois filmes que retratam um pouco da cidade e fiquei APAIXONADA por esse lugar . Realmente magnífico! Amo !
A região é realmente belíssima, mas a visão dos filmes é um pouco romantizada, precisamos ser honestos. Mas vale muito a pena conhecer e daí você decide se vale a pena viver lá ou não 😉 Beijos.
Eu simplesmente amo o filme Sobre o Sol da Toscana. É o meu filme de inspiração. Suas indicações foram fantásticas. Fazer esse tour na Itália ainda é de um dos meus sonhos. Ver as fotos do casa com certeza me fez acreditar que um dia estarei lá.
Obrigada pela indicação. Amei ❤️
Reyne Aljona
Que lindo Reyne. É realmente emocionante estar lá ao vivo e em cores. Coloque na sua wishlist, vale a pena. Abração.
Só agora descobrindo seu blog! Lamento ter visitado Toscana sem sua prévia interpretação. Quiçá terei outra oportunidade, seja na Itália ou em outro lugar tão especial. Gracia!!!
Que legal Cleia, obrigado pela visita e comentário e volte sempre. Abraços.
Que postagem maravilhosa! Muito obrigada por compartilhar suas experiências. Gostaria de aproveitar e tirar uma dúvida (me perdoe se isso foi abordado em alguma matéria, ainda não consegui olhar o blog todo) qual é a receptividade dos Italianos com turistas lgbt? Eu e minha noiva sonhamos em conhecer, mas ficamos muito receosas com o fato de sermos um casal lésbico.
Agradeço a atenção!
Oi, Natalia. Muito obrigado pelo seu comentário. Na Itália é tudo bem tranquilo, pelo menos em relação a nós não sentimos nenhum problema. Podem ir tranquilas que vocês vão curtir bastante. Abraço grande.
Ola Fabio!, so hoje vi teu post, me desculpe. Obrigada por ter me citado, e também o meu texto!
Imagina, Deyse. Um prazer sua visita e sua companhia na Toscana. Eu que peço desculpas por ter demorado tanto para escrever, mas ainda virão mais posts. Beijos.
ler este post foi uma poesia..obrigada por compartilhar cultura e sonhos
Obrigado Marcinha. Beijos mil.
Oi, Fábio. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Que delícia Natalie. Muito obrigado.
Abração.